Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio.

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,

gastámos as mãos à força de as apertarmos,

gastámos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas:

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.

...

[Eugénio de Andrade]

... vom vielen Händedrücken ?

ist dieser Ausdruck im Port. geläufig oder nur eine Nachbildung des Frz. "à force de"

Aufschlussreich auch die elementare Wortkraft von gastar, die wir im Dt. nicht nachahmen können.

...

Wir verschlissen alles, aber nicht die Stille,

....

Wir verschlissen unsere Hände vom vielen Händedrücken?